De tudo um pouco. Do pouco, um tudo.

No último ano, entre ensaios, festas e partos, foram pouco mais de 100 trabalhos realizados. Centenas de pessoas retratadas pelas minhas lentes. Dezenas de famílias que confiaram a mim a missão de registrar momentos importantes de suas vidas. E meu sentimento é um só: o de GRATIDÃO!

Quando criei este blog, em janeiro de 2014, pensava em mais um canal de comunicação com as pessoas que curtem minha arte. Mas a fotografia me levou a lugares inimagináveis. Isso foi me tomando muito tempo e como tudo na vida tive que priorizar, além do que tenho 3 filhos para educar, exercer minha maternagem ativa e consciente. E a escrita que tanto me encanta, foi ficando de lado. E por isso este espaço que mal havia começado, ficou esquecido.

Mas a vida é circular. E mais um ciclo se fechou. Com a exaustão física e mental que meu trabalho foi me trazendo, sem eu perceber o prazer em exercer minha profissão foi ficando para trás. Passei a me questionar, a reavaliar valores e conceitos, e a me perguntar o que de fato eu queria para mim, para minha vida, para minha carreira.

Crise existencial!? Talvez. Chega-se a um certo ponto da vida em que é inevitável olhar para trás, por todo caminho percorrido e se perguntar: “O que posso fazer de melhor?” E definitivamente, aquele não era o melhor de mim. Eu estava sobrecarregada. E então, decidi despir a capa de super-mulher.

Eu simplesmente AMO fotografar partos. Mas tive que limitar uma quantidade mensal (apesar da minha grande vontade de estar em todos os partos do RJ!), e caí na real quando em 1 mês estive presente em 5. Lembrando que não fotografo cirurgias agendadas, o que tornaria tudo muito mais fácil. O parto é a coisa mais incerta que existe. Não sabemos quanto tempo irá levar, qual será o desfecho, se eu como fotógrafa estarei chegando cedo ou tarde demais. A logística é complicada, conciliar com eventos todos os finais de semana e rotina familiar então… a conta não fecha. Hoje, olhando para trás, nem sei como consegui.

Em contrapartida, AMO estar com crianças! Elas animam meu dia, muitas vezes fotografo festas infantis com um sorriso de ponta a ponta o tempo todo, sei todas as letras de músicas infantis “da moda” de cor e salteado. Elas fazem do meu mundo muito mais feliz! Mas comecei a me sentir pesada cobrindo até 4 festas por final de semana. Entre uma e outra, conseguia encaixar alguns ensaios. São em média 4 horas de pé, andando pra lá e pra cá, agachando, levantando, subindo e descendo, muitas vezes sem parar nem ao menos beber um copo d’água! Sem contar a distância, trânsito no RJ, desgaste com transportes e percalços no meio do caminho. Chegava em casa com a sensação de ter sido atropelada por um caminhão, com o corpo dolorido, coluna arrebentada, me alimentando mal e sem muito tempo para descanso. Isto começou a limitar minha criatividade e eu me sentia péssima com isso!

E novamente vinham aqueles sentimentos contraditórios. Como eu poderia me sentir tão desgastada com aquilo que amo e sempre sonhei para mim!? A resposta era clara, mas diante do meu cansaço eu não conseguia enxergar. O “segredo” está na dosagem. Eu não conseguia dizer não diante de uma brecha na agenda. A cada mulher empoderada e cheia de sonhos que vinha me pedir para fotografar seu parto, eu verdadeiramente desejava estar lá. Cada festa de bebê/criança que acompanhei desde sempre, eu queria estar junto! E comecei a esquecer de mim. Da minha saúde, do piegas “meu eu interior”. Mente sã, corpo são. Nenhum dos dois estava legal. E passei a ter uma certeza: precisava desacelerar.

Há 2 anos eu fazia planos com meu marido de passar uma temporada no exterior com as crianças. Sentir o que é viver no 1º mundo, dar aos meus filhos a chance de saber o que é viver em um mundo civilizado. Era um plano a longo prazo, apesar de bem concreto. E então de repente, paramos, ponderamos e falei: “Se esperarmos o momento certo, ele não chegará nunca!” Já havíamos conquistado tudo o que almejávamos, precisávamos de novos desafios! E no dia seguinte desta conversa, meu marido pediu desligamento da empresa onde trabalhava há 9 anos. Era o primeiro passo para uma grande mudança. E aqui estou eu hoje, escrevendo de Miami, Flórida. Com medo, não nego. Mas com muita coragem, muito amor, e vontade de fazer dar certo!

Desejo dar continuidade a este canal falando um pouco sobre minha fotografia, meu ativismo, minhas verdades, e minha nova e velha vida. Há muitos trabalhos e imagens inéditas para compartilhar, que pela falta de tempo (olha ele aí de novo! Tempo, tempo, tempo…) não consegui atualizar em minha fan page. Não sei com que frequência o farei , pois ainda há muito trabalho, mas de outra forma.  Adaptação, moradia, nova cultura… tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Mas sem pressa e sem pressão, tudo se torna muito mais leve e gostoso! Quem quiser, é só dar as mãos e vir comigo!

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