O prazer de fotografar. E a fotografia por prazer.

Existem uma frase que diz: “Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida….” E quem é fotógrafo, em sua grande maioria pode dizer que a frase é mais do que verdadeira. Não que a profissão seja só glamour, muito pelo contrário. Além de um dedicado estudo que citei no post anterior, é preciso garra, determinação, foco e persistência. Além de entrega, disposição física e um tanto de psicologia para lidar com diversos tipos de público. Ressalto que falo sobre fotógrafos “de verdade” e não aqueles que compram um DSLR, e saem clicando no modo automático entregando um trabalho porco, denegrindo a imagem de quem realmente leva à sério.

Por trás de uma câmera, há uma pessoa com vida. Óbvio!? Nem tanto. De maneira geral, fotógrafos não tem rotina, horários fixos a cumprir, e final de semana é uma coisa quase inexistente. É preciso abrir mão de muita coisa, até mesmo de certos momentos com a família. Afinal, a fotografia não se resume a somente algumas horas fazendo registros, há um workflow por trás, prazos a cumprir, contato pré-durante e depois com o cliente. Há a pós-produção que requer mais cuidado e atenção. E isso requer tempo. Definitivamente, não é só apertar um botão!

Não enxergo esse lado de forma negativa.  E por mais que façamos, há a parte burocrática que não é das mais atraentes, mas extremamente necessária. E por isso, além do prazer em trabalhar, é necessário fotografar por amor. Exercitar o olhar, se permitir arriscar e até mesmo errar. E isso não se faz com o cliente, há seu nome em jogo e uma expectativa do contratante que não pode deixar a desejar. E é aí que entra o que chamo de “fotografia no amor”. Aquelas que fazemos pelo simples prazer em estar com a câmera em mãos, se redescobrindo, ampliando horizontes, e isso não envolve remuneração. Na conta final, o pagamento é outro! Afinal, a cada clique aprendemos algo novo, coisas que o dinheiro nunca poderá pagar e não se aprende nos livros.

Eventualmente ‘pego’ amigas e/ou seus babies e proponho que façamos fotos, quase como uma brincadeira, no intuito de experimentar coisas novas o que nem sempre dá certo, mas sair com a barriga doendo de tanto rir, compensa qualquer esforço. Levanto a bandeira contra a prostituição da fotografia. Pagar R$100,00 em um ensaio fotográfico, basta ir em sites de compra coletiva que haverão vários. Mas a partir do momento em que contratamos um profissional da área, acredito que não estejamos pagando pelo serviço em si, mas comprando o seu olhar. E este, é único. Diferenciado.

Minha linha de pensamento é: não quero ganhar trocados pela minha arte. Mas posso presenteá-la a quem quero bem. É mais justo. E pelo meu ponto de vista, mais correto. E é assim que busco em mim o constante prazer em fotografar, o que renova meu olhar e perspectiva diante de futuros possíveis trabalhos. Ao ser contratada, faço com amor. Aos demais presenteados, faço no amor. E ao contrário do que se pode imaginar, as recompensas são muitas. Não só a atividade de criatividade e cruzar com amigos que topem minhas idéias. Vai mais além. Desperta cada vez mais a sensibilidade e prazer que há dentro de mim a cada clique, a cada sorriso espontâneo que tenho o privilégio de registrar e acima de tudo, me fazer relembrar o pq de ter escolhido este caminho. E assim, sinto que não trabalho um único dia na minha vida.

Comparo a um jogador de futebol, que começou jogando uma pelada no quintal de casa com os amigos. A responsabilidade em se profissionalizar, obviamente é gigantesca e ele paga suas contas com isso. Mas a alegria em estar exercendo algo que te dá prazer, é imensurável. Conosco não é muito diferente, e nem estou falando sobre dígitos na conta bancária! Mas na intenção. Nada perdemos, apenas substituimos. Essa é minha filosofia.

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