Parto com Amor!

No post anterior, ressalto que fotografamos com nossa história, nossa cultura. De um ponto de vista comercial, o mercado fotográfico abrange muitas áreas. Não se pode atirar para todos os lados, é necessário seguir e trilhar um caminho. Desde meu primeiro dia de aula em um curso de fotografia, eu já tinha algumas certezas. Entre elas, que gostaria de fotografar tudo o que envolve o mundo materno.

E assim foi.

Sou mãe há quase 14 anos. Sei quais as agruras e alegrias de uma gestação. Passei por duas absolutamente diferentes, a primeira de parto normal, saudável, clinicamente perfeita, quando nasceu uma menina. Já a segunda, gestação gemelar, complicações, repouso, prematuridade, cesariana, meninos.  Sei o que é sentir um bebê sair de suas entranhas. A sensação de um seio jorrar leite. E tb sei o que é ter 7 camadas de seu corpo cortados em uma cirurgia de médio porte, e ter seus filhos longe em uma fria UTI neo natal. Não me espanto com nada. Sangue não me intimida nem um pouco e acho a placenta linda de viver!

Esta bagagem, atinge diretamente o foco do meu trabalho. Me sinto completamente confortável e segura em fotografar um momento tão íntimo de uma mulher. Me sinto na pele dela e ajo como gostaria que agissem comigo nesta hora. Com discrição. No parto, nós despimos a alma e surgem nossos instintos mais primitivos, como animais que somos. E esse furacão que é uma mulher parindo, é a coisa mais bela, sublime e fantástica que existe. Posso afirmar. Eu vi! Eu vivi! E por isso, é um privilégio (e responsabilidade grande!) estar ali. Não há nada no mundo mais espetacular.

Eu já havia fotografado cesarianas, mas a vibe de um centro cirúrgico não é das melhores. Traz a idéia de doença e não de vida que é um nascimento. Momento único e precioso. Um evento fisiológico, que é erroneamente medicalizado pela tecnologia. Por questões de filosofia de vida, decidi que não faria mais tais cirurgias. Estava indo contra a minha verdade, aquela que sempre busco. E com isso, a vontade de vivenciar o registro de um parto normal cresceu em mim.

99% das gestantes que eu fazia ensaios, não queriam PN. Direito delas, quem sou eu para julgar. Escolhas, somente isso. E foi então que uma amiga me contou sobre seus planos de engravidar e fazer um parto domiciliar e combinamos que eu faria as fotos. Tudo transcorreu perfeitamente, ela engravidou, conquistou seu sonha VBAC* domiciliar, e foi assim que “desvirginei”! Em grande estilo, sambando na cara da sociedade, remando contra a maré, derrubando mitos! E foi somente ali, depois de tantos anos defendendo o parto normal, é que descobri um mundo paralelo: o do parto humanizado. E agradeço a pequena Tarsila e sua mãe por isso.

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Pronto. O cheiro de vérnix é embriagante. A ocitocina contagiante.

Se eu já era uma entusiasta, “a chata do parto normal”, aquela que dava a cara a tapa no próprio blog materno abordando o tema, passei a ser ativista. Algo (re) nasceu dentro de mim, me encantei, apaixonei e fui atrás. Fotografei outro parto natural e em seguida fiz o Workshop de fotografia de parto de uma fotógrafa fera de SP. Mais luz nos meus caminhos, a vida me apontando a direção certa, me mostrando onde ir. Logo vieram outras oportunidades. Parto Domiciliar na água, parto normal hospitalar, parto natural hospitalar… que logo compartilharei imagens com vocês.

Este é só o início, e 2014 promete! Muitos bebês estão a caminho de um nascimento digno, respeitoso e com muito, mas muito amor! Cada um ao seu tempo, em sua hora. Aguardemos todos, com todo carinho e serenidade, que este momento merece.

 

“Depois que um corpo comporta outro corpo, nenhum coração suporta o pouco.”

 

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*VBACVaginal Birth After Cesarean

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